terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Arrego

E ele chegou pra mim e disse: "o que eu faço pra dar um tempo pra mim?".

Droga, droga, droga. Foi a pergunta mais difícil que alguém já me fez em anos !
Eu me lembro que disse isso pra Gabi há uns 30 dias atrás, mas eu disse isso bem vagamente, sem imaginar ao certo o que eu estava dizendo e menos ainda, o que significa dizer que "estou dando um tempo pra mim".
Aí já começo a viajar, lembrando de quando eu era criança, e as minhas "amiguinhas" ficavam de mal de mim, eu me trancava no quarto e costurava. Costurava tanto, que me sentia a Coco Chanel das Barbies. Só que esse tempo, com certeza, não era um tempo pra mim. Parecia, mas não era.
Era um tempo pras minhas amigas que tinham ficado de mal de mim. Então, agora, penso que o tempo, não é pra vc, meu caro amigo. O tempo é pra ela mesmo. É ela quem quer "um tempo" de vc.
E a conclusão que tiro, é que por mais que o desejo de ter o tão sonhado tempo só, esteja há apenas um pé-na-bunda de distância, tudo isso é derivado dessa utopia vagabunda e melindrosa de que sozinho, botamos o pensamento em dia;
Quem é que precisa de tempo sozinho pra saber que não quer ir à formatura ou à Igreja?
Que não gosta de jiló mas de cenoura, e que ser saudável é não beber durante a refeição?
Pelo menos, meu bem, sabemos que pra estar sozinhos, basta que o outro queria ficar de mal. E ter um tempo sozinhos, é suficiente durante o banho. Chorar calado, fingir dor-de-barriga, cólica, crise de riso seguido de lágrimas de alegria, são bem mais fáceis. A gente tem 15 minutos de arrego e logo, logo passa.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

City of Jump

Observe que a moça que está ao seu lado numa entrevista de emprego, sempre utiliza um sapato novo, combinando exatamente com a pasta Luis Vuitton, em que leva inúmeros motivos pro indivíduo te derrubar perante o RH e sim, é mais bonita, mais charmosa, possui uma aparência quase de novela e te deixa pensando em como você vai encher a linguiça durante intermináveis 30 min.
Claro que você a essa altura, está mais preocupada em como aguentar o seu sapato de ir pra missa apertando o joanete, e na sabatina na qual você se jogou, do que na lindíssima Letícia Birkheuer ao seu lado. Mas pô, tem horas que ser uma Bridget Jones com o seu diário tolo tentando registrar seus pensamentos mais insensatos, te faz parecer uma intelectual que está fazendo anotações totalmente significantes num universo de 5 pessoas paradas numa recepção em que toca "Take my breath away" e possui uma graúda recepcionista loiro-terminal te observando e mascando chiclete. (Sim, a Letícia aqui ao meu lado, faz anotações).
Putz, de repente, um pensamento avassalador passa pela sua cabeça e você se recorda que marcou com um super gato que conheceu há duas semanas numa boate qualquer, e que apesar do fato, é um gentleman, e marcou um almoço num restaurante natureba do outro lado da cidade que no momento, parece ser totalmente sugestivo.
Errrrrr..já atrasaram 40 min no horário marcado e a Letícia Birkheuer sai sorrindo da sala de entrevistas certa de que a vaga é sua. Claro que você fica meio insegura, mas da uma risadinha, meio Coringa, pra tentar subestimar seu adversário.
E droga, nesse momento, o sapato consegue doer mais que cólica menstrual de fim-de-semana no clube!


"Sra. P., por favor me acompanhe". É nesse momento que os outros 3 participantes sorriem de forma irônica imaginando o que seria meu P.
Mas daí, já não é mais importante explicar as raízes e a cultura do seu nome completamente arcaico.
É a hora da verdade, a hora de mostrar todo o seu conteúdo, seu estudo, sua simplicidade e contraditoriamente, sua liderança arrogante. Responder às questões rapidamente, agarrar pelas palavras o entrevistador, que nesse momento observa atentamente você discursando sobre os efeitos especiais de Avatar e em como o investimento bilionário no filme movimenta a economia cultural. Daí você passa rapidamente pelo movimento sócio-ambiental de algumas empresas e... já se foram 20 min.
Você passa a mão no cabelo, suavemente molha os lábios com a língua, tenta engolir as últimas 12.000 palavras que restaram e finish!
O Sr. João Tudão agradece com uma cara de poucos amigos, diz que ligará em alguns dias e você sai de lá com a impressão de que o emprego é seu.
Parabéns.


Agora resta comer uma salada com (ergh!) soja e beber suco de luz.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Merda.


Agora sim, é nunca mais.
Que fique registrado.
Lááááá onde eu não via mais nada, nada mais de tão importante eu encontrei o que seria o final de um arco-íris.
Aquela velha história de gente grande, acontece tanto e é tão enigmática, que quando crescemos injetam que isso é também, o que esperam da gente.
Mau humor, artrite, artrose, lombar, estresse, TPM.
É tudo o que tenho, mesmo não tendo.
E mesmo sabendo que não tenho, é como se fosse uma herança!
Como se eu não pudesse escolher e saber que por trás de tudo isso, há um outro caminho.
Eu não preciso me matar pra conseguir um antídoto que me garantisse uma vida eterna ou um amor verdadeiro.
Nem mesmo de academia, silicone, ioga, balé...nada.
Eu não preciso nem mesmo que as pessoas me digam que enquanto eu estiver aqui, devo obedecer regras que ninguém sabe de onde vieram ou baseadas em quê foram criadas!
Eu não preciso de todos esses remédios, de toda essa dor de cabeça.
É um infinito tão grande de egoísmo, de insignificância, de esmola, que eu prefiro olhar o que eu achei.
Eu achei no fim do arco-íris, uma nova vida.
O novo começo de alguém que nem nasceu ainda.
Era meio-dia e eu estou tão feliz em poder (concluir) ver que tudo aquilo é banal_e é o que todo mundo tem, que quem escolhe não ter, é mais feliz.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A partida

E mais uma vez o sono que era gostoso, initerrupto, quente, agora é vicioso e totalmente sem graça.
É tudo aquilo que jamais pensei que seria, e me deixa tão profundamente abduzida que nem sei mais meu nome, de onde vim ou como parei aqui.
Os dedos dele não passam mais com carinho por entre os meus cabelos e eu não sinto o menor prazer em ouvir as histórias sobre video-game ou como a sua vida é tão insignificante.
O seu trabalho, o seu carro, o seu momento, a sua vida.
É tudo o que eu sempre soube. E agora, somente agora, eu quero o que já não tenho há muito tempo: verbos.
Correr, andar, conversar, sair, saber, falar tudo o que eu quero, o que eu penso e sim, o que eu sou.
Parece coisa de gente louca, alucinada, gente que bebeu.
Mas dessa vez, eu tenho certeza de que quem me levou embora, não fui eu.